Artesãs do Vale do Jequitinhonha moldam o barro com saber ancestral

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Composto por 55 municípios, o Vale do Jequitinhonha, no sertão mineiro, é uma das regiões mais pobres do país. Assim como a agricultura familiar, o artesanato é uma atividade que os moradores realizam para o próprio sustento. Em três comunidades rurais vizinhas – Campo Alegre, Coqueiro Campo e Campo Buriti –, que ficam entre as cidades de Minas Novas e Turmalina, o trabalho artesanal é destacado pela atuação das mulheres, que produzem bonecas, moringas, vasos, enfeites, refratários e outros objetos decorativos feitos com barro.

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A matéria-prima é coletada a cada dois anos para não degradar o solo local, já sofrido com a seca. “Trazemos o barro para casa, socamos na gangorra, peneiramos e picamos até ficar em um ponto bom para a modelagem”, diz Maria José Gomes da Silva, conhecida como Zezinha, artesã de Campo Buriti.

pintura de flores, folhas e formas arredondadas é feita manualmente com pigmentos naturais obtidos do oleio (barro diluído com água): o tauá dá o tom avermelhado e a tabatinga, a coloração branca. “Usamos pedaços de pano, penas de galinha ou palitinhos para fazer os desenhos”, ela conta. Depois da decoração, os itens são queimados no forno a lenha por até 7 horas. “A queima é feita para o barro ganhar firmeza, porque a peça crua é muito frágil”, explica Zezinha.

As artesãs do Vale do Jequitinhonha relatam que suas antepassadas aprenderam a arte ceramista com as indígenas que ali viviam e criavam cumbucas para uso doméstico e urnas funerárias. Com o tempo, o conhecimento foi transmitido entre avós, mães e filhas, que se conectam por meio do ofício. “O trabalho acaba escolhendo o ser, e tudo começa quando a gente é bem pequena”, fala Zezinha.

Nas três comunidades mineiras, as ceramistas participam de grupos, como a Associação dos Artesãos de Coqueiro Campo, que integram a Artesol, rede de apoio ao artesanato brasileiro.

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