Palanque político desde a era JK, BR–367 ainda está na terra batida

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A BR–367 tem fortes ligações com figuras importantes da política. A principal via de ligação entre o Vale do Jequitinhonha e o Sul da Bahia já foi visitada na história recente ao menos por dois presidentes – Lula em 2010 e Bolsonaro em 2020. Ambos fizeram solenidades na região, olharam no rosto de moradores e prometeram pavimentar a rodovia. Décadas se passaram, e quem segue pela estrada continua vendo terra batida. O asfalto ali é só promessa.

Expectativas frustradas fazem parte da BR–367 há décadas. Os anúncios de melhorias foram seguidos de contingenciamentos orçamentários. Tudo começou nos anos de 1950, com outro nome proeminente da política, Juscelino Kubitschek. Ele era governador de Minas e idealizou a rodovia, cuja gestão agora é dividida entre governos federal e estadual. Sob a responsabilidade do governo mineiro está um trecho de 187 km, e, por isso, o governador Romeu Zema também esteve lá ao lado de Bolsonaro, dois anos atrás. 

Prefeitos da região acumulam contrariedades com a estrada. O trecho que vai de Araçuaí a Itinga e Itaobim, segundo eles, está horrível. Quando a rodovia chega a Jacinto, são 72 km de terra. “A parte com asfalto está pior do que o trecho sem pavimentação”, protesta Heber Gomes, o Vavá, médico infectologista que é prefeito de Caraí e presidente da Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Mucuri (Amuc). 

Indignado com a situação das estradas na região, Vavá até gravou um vídeo batendo panelas, em alusão às crateras no local. “Olha o tamanho dessa panela aqui”, diz apontando para um dos buracos com uma colher de pau. Ele garante ter acionado o Dnit, sem retorno. A região tem baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e, segundo ele, alguns moradores andam até 5 km para buscar água para beber. 

O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) informou que está em andamento um procedimento para recuperação da estrada em cinco lotes. Somente a parte que já tinha pavimentação recebeu melhorias. Os trechos não pavimentados estão do mesmo jeito.

Em abril de 2021, apenas quatro meses após ter garantido que iria pavimentar a BR–367, o governo Bolsonaro cancelou os recursos para a obra. Em setembro do mesmo ano, Zema anunciou novamente o asfaltamento da rodovia, usando recursos da indenização paga pela Vale devido ao rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019. O asfaltamento ainda não começou. “Estamos cansados do abandono”, reclama Vavá.

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