O que explica a disparada do preço do leite e de outros alimentos

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Apesar do menor indice geral em mais de dois anos, setor de alimentação e bebida continua em forte alta no IPCA-15

A queda do nível de preços em setores como transporte e habitação representa um significativo, porém parcial desafogo à população, no IPCA-15, uma espécie prévia da inflação, de julho.

Com a elevação nos preços do leite e seus derivados, além de outros itens de hortifruti como mamão e pepino, o setor de alimentação e bebidas ainda continua pressionando a escalada geral de preços, representando o maior impacto este mês, com 0,25% de alta. Foi também a segunda variação mensal, de 1,16% na média, só perdendo para o setor de vestuário, conforme o consolidado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). O IPCA-15 mede os preços nas duas primeiras semanas do mês de referência (julho) e das duas últimas do mês anterior (junho).

Além dos fatores de impacto global nos preços dos alimentos, como a alta das commodities, são as condições climáticas que explicam a subida de preços no setor. De modo geral, verduras, legumes e fruta enfrentam o período de entressafra no inverno, com uma queda ou falta de produção, considerando a menor incidência de chuvas para produtos que dependem sobretudo de água. Com uma oferta menor, naturalmente os preços sobem. 

“No caso do leite, o inverno é um período ruim para a produção, o pasto fica com pior qualidade, aumenta a dependência de ração, que está mais cara. Apesar da soja e do milho estarem com os preços em declínio, ainda continuam bem caros”, menciona Matheus Peçanha, economista e pesquisador do FGV/IBRE.

Além disso, o pesquisador destaca um choque a mais na produção do leite, com um prévio desinvestimento no setor. Com os aumentos dos custos de produção, muitos fazendeiros desistiram da produção. No ano, a variação acumulada do produto chega a 57,42%.

O que ficou mais caro em julho

Itens que tiveram maior variação positiva no IPCA-15, a prévia da inflação

ItemVariação (em%)
MAMÃO22,48
LEITE LONGA VIDA22,27
PEPINO15,31
MELANCIA10,71
MARACUJÁ9,91
BANANA-D’ÁGUA9,84
PERA8,21
COENTRO8,20
CARVÃO VEGETAL8,18
PASSAGEM AÉREA8,13
ÓLEO DIESEL7,32
MORANGO6,02
MELÃO5,83
LEITE CONDENSADO5,83
REQUEIJÃO4,74
MACARRÃO INSTANTÂNEO4,58
LEITE FERMENTADO4,46
AGASALHO INFANTIL4,36
MANTEIGA4,25
FEIJÃO-CARIOCA (RAJADO)4,25
FONTE: IBGE

Como há uma grande interdependência de produção, o aumento de um item pode impactar diretamente o preço de outro item. Alguns derivados do leite também registraram alta no IPCA-15 de julho, sendo o requeijão, a manteiga e o queijo, com as maiores altas, respectivamente. As frutas, em categoria geral, registram alta de 4,03% em julho, um grande salto considerando o declínio de 2,61% dos preços em junho.

Em queda


A produção de verduras e frutas, de um modo geral, sofrem na entressafra, durante o inverno. Porém, itens como laranja, tomate e cenoura tiveram redução significativa de preços (conforme o gráfico abaixo). Uma das principais razões para tal movimento é, novamente, de origem climática, especificamente os períodos de monções — aquelas longas secas ou fortes chuvas durante diferentes estações do anos, invertendo a ordem de produção.

“O verão foi muito atípico, principalmente para as verduras, que sofreram muito no verão pelas chuvas em excesso. Agora, que também seria o período de entressafra, esses três itens estão com uma produção melhor do que no versão, recuperando as produções perdidas no período anterior”, explica Peçanha.


O que mais caiu em julho

Itens que tiveram maior variação negativa no IPCA-15, a prévia da inflação

ItemVariação (em %)
LARANJA-BAÍA-22,16
TOMATE-19,42
CENOURA-19,24
ABOBRINHA-16,14
AÇAÍ (EMULSÃO)-14,04
PIMENTÃO-13,01
BATATA-INGLESA-12,20
COUVE-FLOR-10,52
CEBOLA-10,08
REPOLHO-8,55
ETANOL-8,16
BRÓCOLIS-5,92
LARANJA-LIMA-5,75
LARANJA-PERA-5,62
COUVE-5,39
BANANA-MAÇÃ-5,22
GASOLINA-5,01
UVA-4,79
ENERGIA ELÉTRICA RESIDENCIAL-4,61
FONTE: IBGE

Para o pesquisador, os outros itens de mais alta de preços não sofreram muito no verão porque os principais centros produtores não estavam nas zonas de monções, isto é, na Mata Mineira, Espírito Santo interior de São Paulo e sul da Bahia.

FONTE: VEJA

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